Vila ODS educa público com atrações socioambientais em Santos

Quem passou pelo bulevar da Rua XV de Novembro, no Centro Histórico de Santos, foi atraído pela música, arte e um arco-íris de cores que se juntaram à programação da Vila ODS nesta sexta-feira (21). A iniciativa de educação ambiental reuniu, além de atrações diversas, moradores e turistas interessados em colaborar com as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), aprendendo práticas simples e efetivas para o meio ambiente.

O evento fez parte do Encontro das Cidades ODS, realizado paralelamente à Vila na Associação Comercial de Santos (ACS), e que é promovido pelo Movimento ODS Santos 2030, buscando conectar representantes de todo o País à comunidade santista para a implementação urgente dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável nos municípios, previstos na Agenda 2030 da ONU.

E quem passava pelo bulevar era ‘intimidado’ com a presença imponente e o olhar assustador de uma criatura vinda diretamente do fundo do oceano. A lagosta, de cerca de 2,5 metros de altura e composta basicamente por resíduos sólidos, como tampas de garrafa, espalhou uma importante mensagem ao público: a importância da sustentabilidade. O personagem foi produzido por alunos do 8º e 9º ano da UME Ayrton Senna da Silva, no Campo Grande, em 2022, para retratar o vilão que está destruindo o planeta: o plástico.

Com a supervisão da professora de artes Márcia Alves, 64, o personagem foi inspirado nos monstros das cartas náuticas do século 16, e é um dos trabalhos realizados pelo projeto Monstro Lixo, organizado pela Escola Profissional de Vila do Conde, em Portugal, em parceria com a Prefeitura de Santos, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Seduc). Na iniciativa criada pelo produtor cultural da Baixada Santista, Amauri Alves, bonecos gigantes com aparência assustadora são confeccionados com material reciclado por alunos do Ensino Fundamental II para promover a conscientização ambiental.

Para Márcia, a aparição da criatura em eventos de sustentabilidade para a conscientização e implementação de novas práticas tem sido positiva para o público. “As pessoas, inicialmente, ficam surpresas com o tamanho e a feição da personagem, mas então entendem o real propósito. Com isso, elas acompanham e até participam do projeto, separando sacolinhas e outros materiais para a produção dos personagens. É também daí que surgem o cuidado e o respeito com o meio ambiente”.

Tirando fotos com a lagosta e de outros pontos da Vila, os cariocas Clóvis del Padre, 67, e Miguel Burguignon, 78, estão visitando Santos pela primeira vez e aprovaram a iniciativa. “Adoramos o Centro Histórico. Hoje viemos conhecer o Museu do Café, e coincidentemente fomos atraídos por esse evento que está bem legal e colorido. Já até aproveitamos para aprender algumas práticas sustentáveis”, afirmou Clóvis.

“Esse personagem nos lembra até o nosso Carnaval, de tão bem feito e apresentável. É muito importante chamar a atenção visual das pessoas para uma causa tão séria”, completou Miguel.

O evento contou com tendas de artesãos que puderam expor suas produções e contar sobre o processo de cada elemento, sem perder a principal motivação: conscientizar o público. Os expositores de produtos reciclados da EcoFábrica Criativa e instituições como Chuviscos Art, Creche Mundo Novo, Onde de Nós e da Prefeitura de Itanhaém (Projeto Reciclar) foram os responsáveis pelas peças atraentemente esculpidas, com materiais que vão de crochê até madeira reaproveitada. E quem passava pelo espaço se encantava com bolsas, carteiras, tábuas, relógios e quadros que eram produzidos até com peças de guarda-chuva.

Com um sorriso no rosto e uma missão que une solidariedade à sustentabilidade, Leia de Mattos, 67, cativava o público ao mostrar copos de madeira e luminárias de vidro reutilizado, um trabalho que realiza em parceria com a colega de trabalho, Aparecida Assaok, criadora de peças feitas a partir de sacolas plásticas. Ambas são voluntárias “com amor” – como afirmam as amigas – da Creche Mundo Novo.

Para Leia, a iniciativa é uma maneira efetiva de sensibilizar o público de que o material pode virar um novo artigo de decoração de cozinha, por exemplo. “O lixo não some. Ainda há pessoas que pensam que, ao entregar os materiais a uma lixeira qualquer, acabam se livrando deles, mas não é bem assim. Eles têm um longo prazo de vida e, ao serem descartados incorretamente, trazem prejuízos ao lugar onde vivemos. É preciso entender que somos responsáveis pelo que nos desfazemos, e podemos muito mais ao pensar em novas ideias para um destino adequado para o que chamamos de lixo”.

Enquanto isso, o artesão José Duarte, 76, que está à frente do Barbas Tábua, uma ideia que seguiu de pai para filho, comemorava o interesse do público do evento em conhecer o seu trabalho e as formas de reutilizar resíduos sólidos. Com madeiras descartadas, o aposentado faz tábuas, bancos e até relógios. “Aqui estamos expondo o que mais gostamos de fazer: reaproveitar. Está sendo bem legal a experiência de chamar a atenção das pessoas para conscientizá-las sobre a importância dessa produção que envolve a preocupação com o futuro próximo”.

Além das tendas, 17 cartunistas foram os responsáveis pelo colorido das telas que indicavam cada um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Com artes chamativas e repletas de significados que exploravam elementos da natureza, a Vila contou com a participação de Alexandre Barbosa, Seri, Vitória Leite, Emmanoel Mesquita, Bárbara Leite, Nice Lopes, Dodo, Nathalia Santos, Maria Carmen, Padron, Luiz Carlos SC, Ed Carlos, Alex Ponciano, Aline Teodoro, Fabio Coala, Laura Moura, Denis Dym, Joel Jr. e Dan.

E para ilustrar o 11º Objetivo ‘Cidades e Comunidades Sustentáveis’, o artista Alex Ponciano, 54, tinha uma missão: relacionar a importância das árvores com a iniciativa. O cartoon, produzido em dois dias, mistura informação e a diversidade de seres vivos e cores. “Minha intenção foi pensar no que a nossa flora pode proporcionar, como por exemplo, o oxigênio e a sombra. Além do infográfico na copa da árvore, está um cachorro que abraça o tronco com o objetivo de proteger o outro elemento vivo. Ilustrar também é levar educação, e eu espero que mais pessoas possam conferir essas artes”.

A música esteve sob o comando do grupo Água e Sal, que agitou o público com um setlist de músicas com teor socioambiental, seguido por DJ Fábio. O projeto Pescarte, uma rede de pescadores artesanais do Rio de Janeiro, se uniu aos demais expositores de artesanato.

As atrações cênicas iniciaram com os personagens Dr. Onu e Omar, ambos da Cia SSM Arte. O primeiro é um carismático médico que, com uma maleta de primeiros socorros, apresenta aos visitantes os curativos para as metas dos ODS, enquanto o segundo é um vendedor ambulante que oferece um “produto que não tem preço”: a conscientização. A peça ‘Olha o Palhaço no Meio da Rua’, da Bella Cia, e o personagem ‘Seo Cara de Papel’, acompanhado de seu acordeão, fecharam a programação da Vila ODS.

O Encontro das Cidades ODS é uma realização do Movimento ODS Santos 2030 em parceria com a Prefeitura de Santos, DP World, EcoPorto, Transbrasa, Terminal Exportador do Guarujá, Terminal de Exportação de Açúcar do Guarujá, Terminal Exportador de Santos, Hidrovias do Brasil, Sebrae, Fundação Parque Tecnológico (FPTS), Senac Santos, EcoFábrica ZNO, MS Content, RR Agro e RR Cargo, Unimar Agenciamentos Marítimos, Rotary Club Santos Aparecida, Ibis Santos Valongo, Associação Comercial de Santos (ACS), Cultivo Tech, Gran Bazar Encontro de Empreendedores, Nunes Projetos Incentivados e Santos Press.


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